sexta-feira, 19 de outubro de 2007

ENERGIA - QUALIDADE E PROTEÇÃO

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA INGÁ NOIVAS EM 2006

Há cerca de vinte anos, ainda na faculdade, meu professor de telecomunicações dizia: daqui a pouco tempo quando você quiser comprar uma geladeira bastará escolher a loja, telefonar para lá e ver as geladeiras através de sua televisão. Poderá ligar para tantas lojas quantas forem necessárias e assim que se decidir fechará negócio, a loja entregará em sua casa e a conta virá pelo seu telefone.
Parecia futurologia. No entanto a tecnologia eletrônica caminha a passos largos e a cada dia que passa incorpora alguma “utilidade” em nossas casas.
Já podemos, através do celular, antes de chegarmos em casa, desativarmos o alarme, abrirmos o portão, ligar o sistema de refrigeração ou aquecimento, luzes, som, televisão e até o microondas para que a comida esteja quente no exato instante em que adentrarmos em casa.
Tudo isto tem sobrecarregado demais a instalação elétrica das residências mais antigas.
Soma-se a isto o fato destas tecnologias, para funcionarem com perfeição, proteção e economia, necessitarem de qualidade na energia elétrica, sempre fiscalizadas pelas concessionárias mas, prejudicadas por fatores externos às gerações e distribuição da energia, como transmissões de ondas de rádio, intempéries e fatores internos causados pelos próprios equipamentos utilizados.
É bom lembrar que a qualidade da energia elétrica está, também, profundamente ligada a qualidade da instalação elétrica.
Pretendemos, neste artigo, falar de alguns problemas e dentro do possível sugerir soluções.
-Bem, como faço para ligar este equipamento novo que você comprou?
-Liga na tomada e aperte o botão power.
-Mas já não existem mais tomadas disponíveis na sala.
-Fácil, coloque um T.
Um problema é a pequena quantidade de circuitos elétricos independentes que possam nos obrigar a ligar muitos equipamentos na mesma tomada sobrecarregando o ramal.
É necessário que saibamos identificar as cargas (equipamentos) mais sensíveis (vítimas) e separá-las em circuitos independentes das cargas de potência (vilãs). Claro, também precisamos saber quanto de energia estes equipamentos consomem para termos certeza que o circuito de tomada os suportarão.

Acontece que todos os circuitos elétricos estão sujeitos a perturbações de causas internas ou externas que podem danificar o equipamento, principalmente os mais sofisticados e sensíveis.
Quem, hoje, não tem um computador em casa? Pois é, quando o compramos o vendedor nos vende também uma régua de tomadas que eles chamam de filtro de linha. Eu já abri diversos deles e posso garantir que são extremamente úteis quando possuem os componentes certos. Pouquíssimos os tem.
Apesar do progresso tecnológico é obrigatório presumir que equipamentos falharão, pessoas cometerão erros, imprevistos de toda ordem podem ocorrer, por isto uma eficiente instalação de terra ainda é uma das maiores garantias de prevenção de prejuízos devidos a curtos-circuitos e a queda de raios. A grande maioria dos problemas elétricos envolvem a terra. Uma simples falta (defeito) pode passar rapidamente para qualquer caixa metálica de equipamento, ou conduto, procurando um caminho para a terra.
Isto deve-se a grande massa da terra, cujo potencial não varia, não importando o tamanho das cargas elétricas que recebe e a finalidade de um bom aterramento é justamente eliminar pelo solo as correntes negativas perigosas para as pessoas.
Os efeitos que a eletricidade causam no corpo humano dependem da intensidade da corrente, da freqüência, do tempo de exposição e da resistência elétrica do próprio corpo. Esta resistência varia conforme as condições físicas e psíquicas da pessoa (possuem baixa resistência ôhmica as mulheres grávidas, pessoas com presença de álcool no sangue, nos casos de depressão e pelas condições da pele, seca ou molhada, entre outras).
A fulguração não depende apenas da tensão aplicada ao corpo humano, quer dizer, da corrente que o atravessa em relação a sua resistência (pele molhada, uso de calçados isolantes, etc) mas também do tempo de contato.
Quanto antes se desligar a eletricidade, melhor para a pessoa sob choque.
As normas CEI afirmam:
Devem ser protegidos contra as tensões de contato todos os aparelhos elétricos alimentados com tensão não superior a 1000 V., que normalmente não estão sob tensão mas que, por um defeito de isolamento ou por outras causas acidentais, poderiam de repente ficar sob tensão.
Imagine uma máquina de lavar roupas (isolada do piso) que, em virtude de um defeito, possui um contato entre fase e carcaça e é tocada por uma pessoa que, simultaneamente, toca a torneira do tanque, ligada a rede de água. Se o encanamento for de plástico e a pessoa estiver isolada do piso com sapatos de sola de borracha a tensão de contato pode ser zero, mas se o encanamento for de metal aterrado a tensão de contato poderá ser a mesma da rede de alimentação, o que torna-se muito perigosa.
Esta pequena explanação fez-se necessária para aconselha-lo, caro leitor, para quando comprar um equipamento novo, destes que vem de fábrica com 3 plugs e ficar difícil a instalação porque a tomada só tem dois buracos, providencie uma instalação de terra e jamais corte o pino do meio.
Ênio Ferreira Lopes
Eng. Eletricista
enioflopes@gmail.com

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