sexta-feira, 19 de outubro de 2007

FORNO DE MICROONDAS

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA INGÁ NOIVAS EM 2006

Nossa! Cada coisa que este povo inventa...
Nós vamos usando e muitas vezes não temos a menor noção de como “isto” é possível.
A verdade é que os cientistas avançam no conhecimento e as indústrias desenvolvem produtos com as tecnologias descobertas, algumas muito recentes, outras nem tanto.
Foi durante a segunda guerra mundial que os ingleses, preocupados em defender seu território de uma provável invasão alemã, intensificaram as pesquisas em sistemas de detecção de aviões e aperfeiçoaram o magnetron inventado pelo físico escocês Watson-Watt em 1935. O magnetron é um canhão de microondas que é o coração do RADAR. A Inglaterra fez um acordo com o Sr. Percy L. Spencer (1894-1970), diretor de uma pequena companhia americana chamada Raytheon que estudou e sugeriu diversas modificações que não só melhoraram o processo de fabricação como tornaram o dispositivo mais eficiente. A Raytheon fabricou os magnetrons e os radares ingleses foram cruciais para a vitória dos aliados. A Raytheon tinha na época 15 funcionários e saltou para 5000 e até hoje é uma das grandes companhias americanas. O Sr. Spencer possuía apenas o ensino primário, mas era autodidata e foi considerado uma das maiores autoridades no campo da eletrônica em sua época, tendo 225 patentes em seu nome.
Em 1945 o próprio Spencer notou que uma barra de um doce em seu bolso começou a derreter quando ele ficou na frente de um magnetron que estava ligado e intrigado com este fato ele conduziu alguns experimentos simples com o dispositivo como preparar pipocas espalhando milho em frente ao tubo. Em outro, um ovo cru explodiu como resultado do forte aquecimento interno. No ano seguinte, a Raytheon solicitou a primeira patente sobre a utilização de microondas para a preparação de alimentos e em 1947 apresentou o primeiro forno de microondas chamado “Radarange”. Este forno pesava 340 Kg, tinha 1,5 m de altura, custava cerca de US$ 3.000,00 e ne-cessitava de ligação de água para resfriar o magnetron. Apenas no final da década de sessenta começaram a ser comercializados nos modelos de hoje ao preço de US$ 500,00.
No Brasil, a Philips lançou o primeiro forno de microondas em 1974 e era vendido para distribuidores de cozinhas profissionais.
Em 1975, as vendas dos fornos de microondas nos Estados Unidos foram maiores que as do fogão a gás e em 1976, tornou-se mais comum que as lavadoras de louças, presente em cerca de 52 milhões de lares americanos.
Mas, o que faz o forno aquecer tanto?
O forno de microondas só aquece água. Como os alimentos contém água eles são aquecidos por condução.
A molécula de água é uma molécula polar, ou melhor, bipolar, pois possui dois pólos, como um imã. Quando ligamos o forno o magnetron emite as ondas na freqüência de 2,45 GHz (igual à freqüência de ressonância das moléculas de água). Estas ondas refletem nas paredes do forno e atingem os alimentos sobre muitos ângulos. O prato também gira, facilitando a pene-tração das microondas.
A microonda provoca uma rotação da molécula da água de um lado a outro, em altíssima velocidade, provocando atrito, uma vez que batem umas contra as outras, e este atrito provoca calor.
O corpo humano tem grande porcentagem de água e seria seriamente prejudicado se a radiação de microondas o atingisse. Por este motivo os fornos são blindados, não permitindo que a radiação produzida internamente atravesse suas paredes.
E porque não podemos colocar vasilhas metálicas dentro do forno?
Como vimos no começo, os fornos de microondas são iguais aos radares porque transmitem uma onda que reflete nos metais e, como nos radares, retornam a antena, danificando o magnetron.
Além do mais as ondas eletromagnéticas produzem correntes elétricas em antenas condutoras. O metal e até os filetes de ouro dos pratos decorados servem de antenas, podendo produzir faíscas e causar pequenos incêndios dentro do forno.
Da mesma forma que as ondas refletidas pelos metais podem estragar o magnetron, o funcionamento do forno em vazio, quer dizer, sem nada den-tro, também pode estragá-lo, porque as paredes do forno são revestidas com metal para que a radiação não escape para fora do forno.
A radiação produzida precisa ser dissipada por algum material absorvente, caso contrário o excedente também retornará a antena.
Puxa vida, não é a primeira vez que você fala em radiação. Isto faz mal?
Quando falamos em radiação nos vem a cabeça o poder de destruição das bombas atômicas e o perigo das usinas nucleares, mas somos irradiados constantemente por outros tipos de radiação. A maior fonte de radiação é a própria luz solar.
No entanto são radiações de baixa freqüência e classificadas como radiações não-ionizantes e seus efeitos são estritamente térmicos e, portanto, ao incidirem sobre átomos e moléculas não produzem ionização. Ionizar significa tornar eletricamente carregado.
O único risco diz respeito apenas à exposição direta à radiação. Os alimentos não se manterão irradiados para sempre. As ondas eletromagnéticas se dissiparão por completo e o alimento irradiado estará pronto para ser com-sumido.
Embora algumas pessoas acreditem que os alimentos cozidos em fornos de microondas fazem mal para a saúde, ninguém tem alguma prova de que isto seja verdade e o princípio de funcionamento descrito neste artigo nos credencia a acreditar que não existem motivos para fazerem mal, uma vez que não alteram a estrutura molecular dos alimentos.
O único risco provado é mesmo o de vazamento de radiação, portanto uma oficina responsável para uma vistoria nas portas seria recomendada de tem-pos em tempos.

Ênio Ferreira Lopes
Eng. Eletricista
e-mail: enioflopes@gmail.com

ENERGIA - QUALIDADE E PROTEÇÃO

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA INGÁ NOIVAS EM 2006

Há cerca de vinte anos, ainda na faculdade, meu professor de telecomunicações dizia: daqui a pouco tempo quando você quiser comprar uma geladeira bastará escolher a loja, telefonar para lá e ver as geladeiras através de sua televisão. Poderá ligar para tantas lojas quantas forem necessárias e assim que se decidir fechará negócio, a loja entregará em sua casa e a conta virá pelo seu telefone.
Parecia futurologia. No entanto a tecnologia eletrônica caminha a passos largos e a cada dia que passa incorpora alguma “utilidade” em nossas casas.
Já podemos, através do celular, antes de chegarmos em casa, desativarmos o alarme, abrirmos o portão, ligar o sistema de refrigeração ou aquecimento, luzes, som, televisão e até o microondas para que a comida esteja quente no exato instante em que adentrarmos em casa.
Tudo isto tem sobrecarregado demais a instalação elétrica das residências mais antigas.
Soma-se a isto o fato destas tecnologias, para funcionarem com perfeição, proteção e economia, necessitarem de qualidade na energia elétrica, sempre fiscalizadas pelas concessionárias mas, prejudicadas por fatores externos às gerações e distribuição da energia, como transmissões de ondas de rádio, intempéries e fatores internos causados pelos próprios equipamentos utilizados.
É bom lembrar que a qualidade da energia elétrica está, também, profundamente ligada a qualidade da instalação elétrica.
Pretendemos, neste artigo, falar de alguns problemas e dentro do possível sugerir soluções.
-Bem, como faço para ligar este equipamento novo que você comprou?
-Liga na tomada e aperte o botão power.
-Mas já não existem mais tomadas disponíveis na sala.
-Fácil, coloque um T.
Um problema é a pequena quantidade de circuitos elétricos independentes que possam nos obrigar a ligar muitos equipamentos na mesma tomada sobrecarregando o ramal.
É necessário que saibamos identificar as cargas (equipamentos) mais sensíveis (vítimas) e separá-las em circuitos independentes das cargas de potência (vilãs). Claro, também precisamos saber quanto de energia estes equipamentos consomem para termos certeza que o circuito de tomada os suportarão.

Acontece que todos os circuitos elétricos estão sujeitos a perturbações de causas internas ou externas que podem danificar o equipamento, principalmente os mais sofisticados e sensíveis.
Quem, hoje, não tem um computador em casa? Pois é, quando o compramos o vendedor nos vende também uma régua de tomadas que eles chamam de filtro de linha. Eu já abri diversos deles e posso garantir que são extremamente úteis quando possuem os componentes certos. Pouquíssimos os tem.
Apesar do progresso tecnológico é obrigatório presumir que equipamentos falharão, pessoas cometerão erros, imprevistos de toda ordem podem ocorrer, por isto uma eficiente instalação de terra ainda é uma das maiores garantias de prevenção de prejuízos devidos a curtos-circuitos e a queda de raios. A grande maioria dos problemas elétricos envolvem a terra. Uma simples falta (defeito) pode passar rapidamente para qualquer caixa metálica de equipamento, ou conduto, procurando um caminho para a terra.
Isto deve-se a grande massa da terra, cujo potencial não varia, não importando o tamanho das cargas elétricas que recebe e a finalidade de um bom aterramento é justamente eliminar pelo solo as correntes negativas perigosas para as pessoas.
Os efeitos que a eletricidade causam no corpo humano dependem da intensidade da corrente, da freqüência, do tempo de exposição e da resistência elétrica do próprio corpo. Esta resistência varia conforme as condições físicas e psíquicas da pessoa (possuem baixa resistência ôhmica as mulheres grávidas, pessoas com presença de álcool no sangue, nos casos de depressão e pelas condições da pele, seca ou molhada, entre outras).
A fulguração não depende apenas da tensão aplicada ao corpo humano, quer dizer, da corrente que o atravessa em relação a sua resistência (pele molhada, uso de calçados isolantes, etc) mas também do tempo de contato.
Quanto antes se desligar a eletricidade, melhor para a pessoa sob choque.
As normas CEI afirmam:
Devem ser protegidos contra as tensões de contato todos os aparelhos elétricos alimentados com tensão não superior a 1000 V., que normalmente não estão sob tensão mas que, por um defeito de isolamento ou por outras causas acidentais, poderiam de repente ficar sob tensão.
Imagine uma máquina de lavar roupas (isolada do piso) que, em virtude de um defeito, possui um contato entre fase e carcaça e é tocada por uma pessoa que, simultaneamente, toca a torneira do tanque, ligada a rede de água. Se o encanamento for de plástico e a pessoa estiver isolada do piso com sapatos de sola de borracha a tensão de contato pode ser zero, mas se o encanamento for de metal aterrado a tensão de contato poderá ser a mesma da rede de alimentação, o que torna-se muito perigosa.
Esta pequena explanação fez-se necessária para aconselha-lo, caro leitor, para quando comprar um equipamento novo, destes que vem de fábrica com 3 plugs e ficar difícil a instalação porque a tomada só tem dois buracos, providencie uma instalação de terra e jamais corte o pino do meio.
Ênio Ferreira Lopes
Eng. Eletricista
enioflopes@gmail.com